Maluf, BNH e habitação popular
20/06/12 09:42As fotos acima são de conjuntos habitacionais em Teresina e São Julião, no Piauí. São recentes, mas parecem dos tempos do BNH, o Banco Nacional da Habitação da ditadura militar. O programa federal ‘Minha casa, minha vida’ repete os erros da habitação popular do passado.
Quem viu ‘Cidade de Deus’, lembra da sina das casas populares construídas longe de tudo, sem previsão de espaços e equipamentos públicos vizinhos (escolas, praças, hospitais), sem contemplar a instalação de comércio. Apenas fileiras e fileiras de casas iguais, onde a monotonia nem é o maior problema.
É difícil criticar o que, para muitos, tem cara de filantropia, mas que tipo de cidade vai florescer a partir desses conjuntos habitacionais? O governo federal e as empreiteiras contratadas criam periferias sem transporte público, onde qualquer emprego fica a horas dali. E onde o sonho dos moradores é melhorar de vida para fugir o quanto antes.
Desde 2005, ainda no primeiro mandato de Lula, o Ministério das Cidades está nas mãos do PP de Paulo Maluf. Dilma manteve o ministério com o PP. Mais recentemente, em 2011, o governador tucano Geraldo Alckmin entregou a CDHU, que cuida da habitação no Estado, para o PP também. O ‘Cingapura’ venceu nas esferas federal e estadual. Graças ao apoio de Maluf ao candidato petista Fernando Haddad, Alckmin pensa em tirar a CDHU do malufismo.
P.S.: A nova gestão do Instituto dos Arquitetos do Brasil, de São Paulo, entregou propostas ao gabinete da presidente Dilma Rousseff para melhorar o ‘Minha casa’. Para ler, clicar aqui Com a exceção do grande arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, autor dos hospitais da rede Sarah, que criticou duramente o programa, havia silêncio entre arquitetos. Tomara que isso mude. É bom para a democracia que petistas possam criticar o PT e tucanos o PSDB sem serem considerados traidores. O exercício da crítica entre aliados fará bem às nossas cidades. A entrevista de Lelé a meu colega Mario Cesar Carvalho, na Folha, pode ser lida aqui
Não sei se se pode afirmar que o Lelé foi a única voz discordante na Arquitetura… Raquel Rolnik, Ermínia Maricato (para ficar nos mais conhecidos) e muitos outros tem contribuído bastante, com lucidez, competência e seriedade, para uma visão crítica sobre o assunto, tendo publicado em canais de maior circulação, como blogs, revistas e jornais, além dos meios profissionais e acadêmicos. Talvez seja uma outra questão a distância entre estes canais e o público não especializado…Existem experiências, no exterior e no Brasil, de soluções mais inteligentes para habitação, que infelizmente são ainda exceção – a regra é isto mesmo que a matéria mostra. E nos estratos de mais alta renda, as soluções são horríveis também, mas à sua maneira. As cidades precisam mesmo ser reinventadas.
Quero informar que o IAB sempre foi uma entidade critica e presente na discussao da habitacao. O documento entregue recentemente, tendo como signatarios, todos os departamentos estaduais do IAB expressa mais uma iniciativa da nossa entidade. Sobre o PMCMV, o IAB se posicionou pela qualidade e contra solucoes como as das fotos. Claudia Pires. Ex presidente do IABMG e Conselheira da entidade.
Quem é o ministro das cidades? Um arquiteto?
Isso explica muita coisa.
Nos meus tempos de estudante, cogitei estudar Arquitetura, mas para me focar no Urbanismo. Hoje vejo que eu seria extremamente frustrado – no Brasil, urbanismo é um tema inexistente.
Você não perdeu nada, Franklin.
A profissão do arquiteto e urbanista não é valorizada no Brasil. A explicação é que urbanismo não dá voto. Apesar de existir nas grandes cidades uma secretaria municipal de urbanização, ela vive relegada ao segundo plano em favor da educação, saúde, transporte e segurança. São temas mais palatáveis para o eleitor.
Entretanto, urbanismo – incluindo aí saneamento – deveria ser pasta prioritária uma vez que a partir dos anos 50 a migração rumo às grandes cidades explodiu, criando metrópoles abarrotadas deixando vazio o interior brasileiro.
Só para dar uma idéia do quanto estamos atrasados, o último prefeito de São Paulo que elaborou um plano urbanístico para a cidade foi Prestes Maia. Depois dele, algumas ações pontuais aqui e ali. Hoje São Paulo constrói metrô sob uma cidade sem um desenho lógico, eficiente.
Não é de seurpreender que a metrópole hoje esteja sitiada por uma periferia onde predominam becos, ruas estreitas que ligam o nada a coisa nenhuma e uma infinidade de ladeiras e barracos. É o retrato da anti-cidade. E continua expandindo.
Eis aí o maior de todos os problemas brasileiros.
Porém, como diria o pensador inglês G.K. Chesterton, o primeiro passo para resolvermos um problema é admitirmos que temos esse problema.
Não é bem assim. Ficar ao lado dos humildes da IBOPE mas cabe uma reflexão sobre estas populações. Na Cidade de Deus, o ex-prefeito Luiz Paulo Conde, que é arquiteto construiu um conjunto popular que é uma joia de arquitetura. Vai lá ver como esta. Dá até pena! O cara que desenhou deve estar angustiado. Em Niterói, bem no centro da cidade, um ou é uma podridão. O fato de ser longe ou perto não interessa. Faz parte da disponibilidade de áreas para se construir. O que importa é que grande parte dessa população ainda não está preparada para conjuntos arquitetônicos. Vide os de Niemeyer construídos com Dom Helder no Rio. Tiveram o mesmo fim. A pobreza não pede casa dada, que cheira a esmola e só faz prolongar a miséria. Pede emprego para poder comprar uma. Se se fizer uma pesquisa verá que desses conjuntos 90% dos moradores não são os originais. Ou vendem e saem, ou deixam um parente no lugar. Pobre não é burro! Não precisa de um burguês sonhador para ditar sua vida.
o povo é isso. não existem indivíduos.
O que interessa e’ o contrato com as empreiteiras. O que vai acontecer com as casas apos o pagamento da construcao e das taxas de sucesso pouco importa. A Delta e’ a campea do PAC.
O grande problema desses conjuntos é que eles não se integram com as ruas dos bairros adjacentes, isso quando não ficam isolados, contando apenas com uma ou outra via de acesso. O resultado é que ficam como as favelas dos morros, com entrada e saída facilmente monitoráveis, o que favorece o tráfico. Aqui no interior, bairros entregues há meros seis meses já estão dominados pelo tráfico e pelas facções criminosas. Fora problemas como a comercialização (irregular) e invasão dos imóveis. Resumindo: esses conjuntos da CDHU e do “Minha casa minha vida são a terra de ninguém, as favelas estatais.