Oportunidade perdida nas estações do metrô
28/06/12 14:00
A sabedoria popular já batizou a nova estação de metrô do Butantã de “lavadora gigante”. Nem sei como as novas estações de Pinheiros e Paulista, da mesma linha 4-amarela, são apelidadas, mas compartilham com a primeira o ar retrô do pós-modernismo dos anos 80. Estações com ombreiras — para ficar na década em questão. E ainda têm uma escala desproporcional (por que estações de Nova York a Pequim são tão pequenas, enterradas, praticamente um buraco na rua, gastando tão menos? Mistério).
São Paulo não tem uma autoestima elevada. Achamos nossa cidade feia e, para muitos, sem solução. O que construímos, bem ou mal, forma a paisagem urbana, que teremos de ver e contemplar diariamente. Por isso, a arquitetura é tão importante. Podemos melhorar ou piorar a cidade com cada nova obra. Mas o metrô tem até promovido estações com shoppings acoplados, não exatamente um modelo de urbanismo.
Ninguém deve ter pensado muito na arquitetura dessas estações. Como os prédios neo-neoclássicos da década passada, já nascem velhas. Não estou advogando pela volta das estações de concreto dos anos 70, amadas por boa parte dos arquitetos paulistanos. Elas são igualmente de outra época. Não podemos experimentar mais? Que um único escritório tenha feito todas também não permite diversidade de linguagens.
Irônico que seus defensores digam que elas são mais “coloridas” em contraste com as dos anos 70 e 80. Repare que a tal cobertura vermelha só é vista do alto dos prédios vizinhos (foto abaixo). Os arquitetos não pensaram na experiência do usuário, pedestre? Para quem chega pela rua, o vermelho é invisível. Pode ter cor para quem anda de helicóptero. Só resta a decoração colorida interna.
Já ouvi de políticos que não gostam de arquitetura que concursos de projetos para selecionar arquitetos “levam tempo demais, atrasam as obras”. Sente-se isso tanto entre tucanos, quanto entre petistas (vide o Minha Casa, Minha Vida). Mas essas obras do metrô levam uma década para ficar prontas. Não foi a pressa que impediu São Paulo ganhar estações que parecessem obras do século 21.
Abaixo, as minúsculas estações de Pequim e Seul. A primeira atende duas linhas.
Enquanto gasta muito mais dinheiro do que o necessário nas estações, a concessionária se “esqueceu” de fazer uma plataforma central na mais movimentada estação da linha 4, a Paulista/Consolação (tal qual existem na Sé ou na República, por exemplo). Resultado: uma linha recém-inaugurada já está congestionada.
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Isso mostra como as pessoas não se dão conta do quanto a arquitetura é importante na vida de cada um.
Enquanto o metrô constrói estações fechadas, a CPTM enterra a linha do ramal oeste e vai fazer a estação Lapa subterrânea. Na superfície, uma grande praça. É o fim do muro de Berlim que separava os dois lados do bairro.
Como disse a arquiteta Fernanda Barbara autora do projeto, “São Paulo não pode mais pensar apenas em projetos de transporte, mas sim em projetos de qualificação urbana.”
Em uma cidade carente de espaços abertos como São Paulo, é difícil entender porque as novas estações não são subterrâneas. Na superfície poderia liberar espaço para uma praça como comentou o Deivson Araujo.
Estive no Rio de Janeiro e as estações que frequentei, são subterrâneas. A beleza da estação está quando você entra nela: muitas luzes, muitas cores e propagandas de todo tipo. Gostei muito. A estação do Metrô do Butatã, deveria ser como as que aparecem nas fotos acima de Pequim e Seul e no entorno, construirem uma praça. Ficaria muito bacana!