Um vídeo com o ABC do High Line
29/08/12 01:50
O vídeo acima mostra uma grande palestra de Robert Hammond e Josh David, os fundadores do High Line, para os funcionários do Google. Vale por mil palestras motivacionais. Além de explicar como eles transformaram um antigo elevado em um parque linear, sobram toques que deixam claro porque seria muito difícil São Paulo ter algo parecido.
Quando Wall Street desmoronou em setembro de 2008, faltava menos de um ano para a inauguração da primeira parte do parque linear suspenso High Line, em Nova York. Eventos para arrecadar fundos foram cancelados, doações secaram e o pânico abateu Robert Hammond e Joshua David, maiores responsáveis pela preservação da ferrovia e em sua transformação em parque. Os dois assumiriam a gestão do parque em poucos meses.
Foi quando o magnata da mídia Barry Diller decidiu doar US$ 10 milhões ao projeto. Vários outros milionários e algumas fundações aceitaram o desafio de Diller.
Antes, a esposa do empresário, a estilista Diane Von Furstenberg, já tinha doado US$ 5 milhões. Um almoço foi organizado no IAC, o conglomerado de Diller, prédio em forma de vela desenhado por Frank Gehry, com vidros que parecem banhados em leite. “Todo mundo estava louco para vê-lo por dentro, então a venda de convites foi enorme”, lembra Hammond.
A história do High Line é o feliz encontro de uma ong obstinada, um prefeito bilionário, fazedor e que exige resultados de sua equipe e de uma iniciativa privada e uma sociedade acostumadas a não esperar tudo do governo.
Das primeiras brochuras com fotos do High Line para sensibilizar políticos e empresários aos advogados que impediram a demolição, tudo foi feito na base de doações e vaquinhas.
Artistas como Tom Sachs e Christo e Jeanne Claude doaram obras para ser leiloadas; personalidades do cinema e da TV como Edward Norton, Kevin Bacon, Anderson Cooper e Martha Stewart emprestaram fama e poder de convocação a vários eventos atrás de fundos.
A arquitetura e o design foram centrais desde o início. Não poderia ser um parque qualquer. O concurso com alguns dos melhores escritórios de arquitetura do mundo deu resultado.
Em São Paulo, os dois raros casos de revitalização orgânica de áreas degradadas carecem desses ingredientes. Em doze anos de teatros na praça, a Roosevelt ganha um projeto de reforma genérico, como República e Sé antes.
O Baixo Augusta está sendo soterrado por horrendos edifícios residenciais, sem nenhum espaço para estabelecimentos comerciais no térreo, o oxigênio da Augusta. Sem ousadia arquitetônica, participação comunitária ou generosidade da iniciativa privada, é difícil replicar o modelo High Line em São Paulo.
Para ler a matéria que escrevi na Serafina sobre o High Line, clique aqui
A história contada no seu belo artigo e emocionante. Bom seria se servisse de exemplo para as ongs das nossas cidades.
Outro fato que chama a atenção é o engajamento dos milionários nova-iorquinos no projeto.
Embora concentre 60% dos milionários do país, São Paulo não pode contar com os abastados. Eles só declaram seu amor pela cidade quando lembram-se da fortuna que amealharam graças à pujança da metrópole paulista.
Em 2006 foi feito um projeto de arquitetura para um ‘retrofit’ do minhocão. Vencedor do concurso lançado pela prefeitura, o projeto do arquiteto José Alves foi premiado na bienal de Veneza e exposto em outros países.
A ideia do projeto é ‘fechar’ o minhocão transformando-o em um túnel elevado com a construção de uma laje e de barreiras acústicas nas laterais. Em cima da laje, uma enorme área de lazer dotada de ciclovia. Tudo a ver com a Virada Cultural, a maior celebração urbana já vista neste país.
Não tenho o link mas quem tiver interesse pode pesquisar no Google.
Sai mais barato implantá-lo que demolir o viaduto. Por que então não tentar?