Raul Juste Loresaplicativos – Raul Juste Lores http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br Cidades globais Mon, 18 Nov 2013 13:33:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Você adotaria um hidrante? http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/05/31/voce-adotaria-um-hidrante/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/05/31/voce-adotaria-um-hidrante/#comments Thu, 31 May 2012 12:42:22 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=135 Continue lendo →]]>

As tempestades de neve em Boston costumam soterrar as centenas de hidrantes espalhados pela cidade, complicando ainda mais o trabalho dos bombeiros durante uma emergência.

Um dos aplicativos mais interessantes que vi nos EUA, durante minha temporada de estudos pela bolsa da Eisenhower Fellowships, é o que permite a moradores de Boston a adotar um hidrante perto de casa. A prefeitura disponibilizou um mapa completo com a localização de todos os hidrantes da cidade. O morador clica, anuncia sua responsabilidade e pode até batizar o hidrante (alguns já ganharam nome, roupa e cor especiais, de acordo com a imaginação do patrocinador). O aplicativo ensina como usar a pá e outras dicas para retirar a neve em condições adversas.

A tecnologia disponível em celulares e tablets dá a oportunidade ao cidadão interessado de fazer a sua parte no cuidado do espaço público _ e tira um peso enorme do poder público, onde recursos não andam sobrando.

Como todos os aplicativos da Code for America seguem a filosofia do Creative Commons (compartilhamento aberto, fontes abertas), outras prefeituras podem ‘copiar’ e adaptar para as suas realidades. Seattle, onde chove muito, está substituindo o hidrante pelos bueiros (não são poucos os vizinhos com todo o interesse de evitar inundações na porta de casa, assim como de ter hidrantes ‘à mão’). Buenos Aires já procurou a organização para fazer a versão portenha do aplicativo. E São Paulo, o Rio, as grandes cidades brasileiras têm algum projeto parecido a caminho?

Seria mais que didático ter um aplicativo que destacasse que praças paulistanas são oficialmente adotadas por empresas, quais ainda estão órfãs de patrocínio privado – e onde moradores pudessem dar sugestões ou até denunciar descuidos e abandonos.

No post anterior do blog, aqui, conto mais sobre a ong por trás desses aplicativos ‘cidadãos’ e de outros recursos tecnológicos que podem melhorar as cidades. Ao toque do celular. Para quem quiser saber mais, a grande palestra no TED da criadora da Code for America abaixo (finalmente consegui colar o video aqui, estou aprendendo…)

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Empurrão tecnológico nas prefeituras http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/05/29/empurrao-tecnologico-nas-prefeituras/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/05/29/empurrao-tecnologico-nas-prefeituras/#respond Tue, 29 May 2012 05:02:45 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=114 Continue lendo →]]> [There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]

Imagine um aplicativo que permita ao cidadão avisar à prefeitura, com um simples toque no celular, quando um semáforo estiver desregulado ou quando uma árvore cair perto de casa. Ou um aplicativo que mostre as melhores rotas e linhas de metrô e de ônibus mais convenientes para qualquer trajeto que você digitar. Com o GPS, o aplicativo mostra os melhores caminhos a partir do local onde você está.

Várias cidades americanas estão em uma corrida para inventar o aplicativo perfeito, que diminua a distância entre cidadãos e prefeituras. Em tempos de smartphones e redes sociais, os velhos “disques-denúncia”, que demoram longos minutos para registrar um problema ou uma solicitação e levam semanas para dar uma simples resposta, são tão anacrônicos quanto o telex ou a máquina de escrever.

A ong Code for America, de San Francisco, vai além. Ela patrocina bolsas anuais para desenvolvedores de aplicativos passarem um ano inventando apps para prefeituras parceiras do projeto. Vários figurões do Vale do Silício, como Mark Zuckerberg, aparecem no vídeo acima convocando potenciais candidatos, muitos deles jovens que trabalham em empresas como Google e Microsoft.

Não é surpresa que a maioria das prefeituras não tem pessoal especializado, nem verbas necessárias para reduzir o gap tecnológico. E que esses jovens desenvolvedores são muito cobiçados (leia-se altos salários) pelo mercado. A ong diminui essa distância. A prefeitura paga um percentual irrisório do que esse serviço custaria no mundo real e permite que esses jovens mergulhem em uma boa causa, o que não fará mal a seus currículos.

Em pouco tempo, a Code for America já inventou diversos aplicativos. Um calcula o potencial energético dos painéis solares em qualquer edifício. Outro ajuda pais preocupados a monitorarem por onde anda a perua escolar dos filhos (aqui, nos EUA, aquele ônibus amarelo).

Um aplicativo para a prefeitura de Seattle, CityGroups, permite aos usuários encontrar ou recomendar grupos cívicos e ongs que estejam desenvolvendo um bom trabalho comunitário. O CouncilMatic, de Filadélfia, permite aos cidadãos acompanhar em tempo real aonde andam os projetos em discussão nas Câmaras Municipais (nossos vereadores mereceriam algo assim).

Tem outro que permite a criação e o compartilhamento de novos ícones para a sinalização pública, com placas potenciais indicando que prédios possuem jardins no topo, aonde encontrar comida orgânica ou a mais próxima ciclovia.

Para que esses aplicativos funcionem, prefeituras e governos em geral precisam se organizar e abrir suas bases de dados _ de endereços e andamento de alvarás a horários e percursos das linhas de ônibus. Essas informações precisam ser facilmente lidas por máquinas (arquivos em pdf não servem). Em ano de eleições municipais no país, seria bom perguntarmos como anda essa corrida tecnológica no Brasil. A bolsa Eisenhower Fellowships me levou à sede da Code for America _ e eles têm todo interesse em compartilhar seus aplicativos com outros países.

Sugiro enfaticamente ao leitor que clique no link abaixo e assista ao vídeo com a palestra no seminário TED da fundadora da Code for America, Jennifer Pahlka (embaixo do vídeo, você pode escolher em “Subtitles available in” legendas em português):

http://www.ted.com/talks/lang/en/jennifer_pahlka_coding_a_better_government.html

É fácil ser cínico e falar que estamos a anos-luz dessa realidade, quando nossos semáforos nem conseguem sobreviver intactos a um temporal. Só que mais rápido que imaginamos milhões e milhões de brasileiros terão um smartphone na mão e uma crescente consciência do que é ser cidadão e pagador de impostos. A tecnologia tem o poder de reduzir a apatia cidadã e de dar eficiência a vários governos. Não dá para ficar de fora.

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