Raul Juste Loresarquitetura – Raul Juste Lores http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br Cidades globais Mon, 18 Nov 2013 13:33:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Oportunidade perdida nas estações do metrô http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/06/28/oportunidade-perdida-nas-estacoes-do-metro/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/06/28/oportunidade-perdida-nas-estacoes-do-metro/#comments Thu, 28 Jun 2012 17:00:36 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=171 Continue lendo →]]>

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A sabedoria popular já batizou a nova estação de metrô do Butantã de “lavadora gigante”. Nem sei como as novas estações de Pinheiros e Paulista, da mesma linha 4-amarela, são apelidadas, mas compartilham com a primeira o ar retrô do pós-modernismo dos anos 80. Estações com ombreiras — para ficar na década em questão. E ainda têm uma escala desproporcional (por que estações de Nova York a Pequim são tão pequenas, enterradas, praticamente um buraco na rua, gastando tão menos? Mistério).

São Paulo não tem uma autoestima elevada. Achamos nossa cidade feia e, para muitos, sem solução. O que construímos, bem ou mal, forma a paisagem urbana, que teremos de ver e contemplar diariamente. Por isso, a arquitetura é tão importante. Podemos melhorar ou piorar a cidade com cada nova obra. Mas o metrô tem até promovido estações com shoppings acoplados, não exatamente um modelo de urbanismo.

Ninguém deve ter pensado muito na arquitetura dessas estações. Como os prédios neo-neoclássicos da década passada, já nascem velhas. Não estou advogando pela volta das estações de concreto dos anos 70, amadas por boa parte dos arquitetos paulistanos. Elas são igualmente de outra época. Não podemos experimentar mais? Que um único escritório tenha feito todas também não permite diversidade de linguagens.

Irônico que seus defensores digam que elas são mais “coloridas” em contraste com as dos anos 70 e 80. Repare que a tal cobertura vermelha só é vista do alto dos prédios vizinhos (foto abaixo). Os arquitetos não pensaram na experiência do usuário, pedestre? Para quem chega pela rua, o vermelho é invisível. Pode ter cor para quem anda de helicóptero. Só resta a decoração colorida interna.

 

 

 

Já ouvi de políticos que não gostam de arquitetura que concursos de projetos para selecionar arquitetos “levam tempo demais, atrasam as obras”. Sente-se isso tanto entre tucanos, quanto entre petistas (vide o Minha Casa, Minha Vida). Mas essas obras do metrô levam uma década para ficar prontas. Não foi a pressa que impediu São Paulo ganhar estações que parecessem obras do século 21.

Abaixo, as minúsculas estações de Pequim e Seul. A primeira atende duas linhas.

]]>
4
Arquitetura para quem precisa http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/06/05/arquitetura-para-quem-precisa/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/06/05/arquitetura-para-quem-precisa/#comments Tue, 05 Jun 2012 19:24:02 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=149 Continue lendo →]]>

Está em SP o britânico Cameron Sinclair, 38, criador da ong Architecture for Humanity, que desenvolve projetos sociais em 30 países com uma rede de 5000 arquitetos e designers voluntários. Na ‘arquitetura para a humanidade’, ele leva conhecimento da arquitetura e do design para melhorar a qualidade de equipamentos sociais normalmente pobremente executados — de hospitais a escolas, de creches a centros esportivos nos países em desenvolvimento. Acima, fotos do centro comunitario que eles fizeram em uma favela de Caracas, com containers e muito grafite; no fim do post, os dormitórios-borboleta para um orfanato da Tailândia.

A Ilustrada, da Folha, publicou a entrevista que fiz com ele na semana passada, mas copio abaixo alguns trechos:

RESPONSABILIDADE DO BRASIL

O Brasil tem uma grande escolha diante de si. Quem ele quer impressionar? Quer erguer prédios que digam ao mundo quão incrível o Brasil é ou quer construir prédios que mostrem aos próprios brasileiros a força do Brasil? A Olimpíada fracassou, em vários países, em produzir dividendos econômicos e legados depois dos eventos.
Trabalhei na criação de centros esportivos em comunidades pobres da África do Sul. Dois anos antes da Copa, os custos de construção estavam completamente inflacionados e mesmo a mão de obra capacitada estava absorvida pelas obras caras, não pelas obras para a comunidade, então as oportunidades para construções sociais foram escassas.

OBRA BONITA

O arquiteto precisa ser meio antropólogo. Sua obra precisa ser bonita, deve orgulhar e inspirar a comunidade à qual vai servir. Mas uma escola, um conjunto habitacional, um posto de saúde precisam ser bonitos e estimados pelas comunidades. Não adianta arremessar um design do alto, bonito, mas imposto. O processo tem de ser de baixo para cima.


MINHA CASA, MINHA VIDA

Esse projeto federal precisa pensar que mais interessante que o objeto é o contexto. Um teto melhor e um encanamento que funcione não são suficientes para criar uma boa comunidade. Cresci em uma área pobre da periferia de Londres. Não interessava a qualidade da construção, as ruas viviam vazias, era um lugar inseguro, meu único sonho era sair dali. Dependendo de como essas casas sejam construídas, sem urbanismo, sem transporte público, podem virar as favelas do futuro. Sem falar que ainda há muito trabalho para melhorar as favelas já existentes, formalizá-las.

[There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]

]]>
1