Raul Juste Lorescongestionamentos – Raul Juste Lores http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br Cidades globais Mon, 18 Nov 2013 13:33:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A culpa do eleitor no congestionamento de SP http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/06/04/a-culpa-do-eleitor-no-congestionamento-de-sp/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/06/04/a-culpa-do-eleitor-no-congestionamento-de-sp/#comments Mon, 04 Jun 2012 03:29:51 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=142 Continue lendo →]]>  

Nem as pistas gigantes e expressas de Los Angeles evitam engarrafamentos (Reed Saxon/AP)

O eleitor paulistano tem grande responsabilidade pelos 295 km de congestionamento em São Paulo em uma 6a feira normal, sem feriadão e afins. Talvez nesta 4a feira pré-feriado, tenhamos repeteco do que aconteceu na última sexta-feira.

Prefeitos tucanos, petistas e peemedebistas/pessedistas deixam obras viárias para o último ano de gestão não só para agradar empreiteiras. Mas porque querem ganhar os votos de muitos eleitores que ainda acham essas obras necessárias. Asfalto rende voto.

Mas a bilionária ampliação das Marginais não iria reduzir o trânsito? Os túneis da Rebouças não desengarrafariam tudo? As grandes obras viárias de Maluf, de Minhocão às Marginais, não eram ‘progresso’? Políticas reacionárias como essas, assim como a de Lula-Dilma que reduz impostos para estimular ainda mais a venda de carros, não melhoram a mobilidade.

São Paulo precisa retirar carros das ruas, não colocar mais.  Abaixo, listo seis compromissos iniciais que eu valorizo em um candidato a prefeito que realmente queira mudanças no trânsito na cidade:

1. que faça mais e melhores corredores de ônibus, com melhores pontos e acessos e veículos mais modernos; que estude item por item o que atrapalha a velocidade dos ônibus. Enquanto forem tão vagarosos, será difícil convencer alguém a deixar o carro na garagem;

2. que penalize e restrinja a construção de edifícios residenciais com quatro vagas de garagem por apartamento. Quem quiser esse estilo de vida, que inviabiliza o trânsito na cidade, que pague a mais pelos seus carrinhos; o código de obras deve reduzir a exigência de estacionamentos;

3. que obrigue edifícios de escritórios acima de 10 andares a ter estabelecimentos comerciais no térreo. Torres que obrigam centenas de funcionários a pegar carro para ir numa farmácia ou a um restaurante, como tantas na Marginal, são insustentáveis;

4. que shoppings e hipermercados que incentivam um enorme deslocamento de pessoas por carro paguem por esse trânsito. Exigir que construam estações de metrô ou de ônibus, com todo o capricho e espaço necessários, antes de qualquer alvará;

5. que estimule o uso de bicicletas e ciclovias, e que facilite a vida do pedestre. Boa parte das viagens feitas na cidade são de menos de 1km. Se cada pessoa que vai comprar o pão a quatro quadras de casa pega o carro, jamais sairemos desse engarrafamento;

6. que saiba fomentar, de fato, a utilização das subutilizadas áreas centrais da cidade, que têm grande infraestrutura de transportes e dezenas de prédios vazios, tanto em usos residências como comerciais

Los Angeles, infinitamente mais rica que São Paulo, construiu centenas de quilômetros de vias expressas, viadutos, elevados e afins. Ainda assim, tem o pior trânsito nos EUA. Cada viaduto ou túnel apenas desloca o engarrafamento de um lugar para outro.

Não vejo nenhum dos atuais candidatos a prefeito com uma mentalidade século 21 em relação a carros. Tucanos e petistas não podem dar lições de moral nesse assunto. Mas enquanto premiarmos prefeitos que ficam recapeando ruas sem parar às vésperas de eleição, estaremos fomentando o grande congestionamento, ‘the big one’, que paralisará a cidade inteira.

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Os privilegiados da Vila Madalena http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/04/12/os-privilegiados-da-vila-madalena/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/04/12/os-privilegiados-da-vila-madalena/#comments Thu, 12 Apr 2012 16:03:10 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=13 Continue lendo →]]> Imagine se Pinheiros e Vila Madalena ficassem igualzinhos ao Pacaembu ou ao Jardim Europa –enclaves de casas, onde não se pode construir mais, em áreas centrais ricas em infraestrutura pública?

É o que parecem querer alguns ativistas abnegados desses bairros, que andam lutando contra “a especulação imobiliária” e por uma cidade ‘mais verde’.

Em uma São Paulo de apática mobilização política, a iniciativa desperta simpatia. Mas proibir a verticalização em áreas centrais no momento onde finalmente nossa nova classe C quer e pode comprar seu primeiro apartamento, é uma maldade pouco ecológica. Ou crescemos para cima ou continuaremos crescendo para os lados.

Se todos tiverem direito à sua casa com quintal e jardim, a cidade vai se espalhando –as distâncias aumentam e o uso do carro como transporte se impõe. Se tivermos uma cidade densa (imagine Nova York, a zona sul do Rio, Higienopolis, a avenida Paulista ou mesmo Buenos Aires), as distâncias se encurtam e a densidade facilita a construção de transporte público.

Os protegidos Pacaembu e os Jardim Europa e America ocupam áreas centrais com ótima infraestrutura, mas servem a muito poucos. As torres de apartamentos para a nova classe média vão sendo erguidas em bairros mais longínquos, onde o transporte está longe de ser bom e distantes de boa parte dos empregos disponíveis na metrópole –garantia de congestionamentos futuros.

Quando você dificulta a construção, o m² encarece –é a lei da oferta e da demanda.

Nos últimos 200 anos, cada progresso nos meios de transporte foi sucedido por uma “fuga das elites” das áreas centrais para algum com lugar com mais espaço e sossego, como escreveu o economista Edward Glaeser em seu fundamental “O triunfo da cidade” (The Triumph of the City). Azar delas se querem ficar mais tempo dentro de um carro. Nossos bairros mais servidos por metrô, ônibus, luz e água precisam de mais moradores, não menos.

O mercado imobiliário paulistano justifica o temor dos moradores de Pinheiros e Vila Madalena, que não querem edifícios com arquitetura chinfrim e muros altíssimos, que matam qualquer vida ou luz nas calçadas. Para criarmos uma cidade mais inclusiva, que permita nossa nova classe média morar em regiões mais centrais, precisamos discutir as regras do que se pode ou nao construir e do como construir. Nosso código de obras é obsoleto e a discussão arquitetônica-urbanística deve se impor. Mas congelar não resolve –o que adianta manter uma árvore no quintal, mas forçar milhares de novos carros emitindo mais carbono?

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