Raul Juste Loresconstrução sustentável – Raul Juste Lores http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br Cidades globais Mon, 18 Nov 2013 13:33:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Um empreendimento multifuncional no Texas http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/05/13/um-empreendimento-multifuncional-no-texas/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/05/13/um-empreendimento-multifuncional-no-texas/#comments Sun, 13 May 2012 13:17:03 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=81 Continue lendo →]]> [There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]

Um empreendimento imobiliário em San Antonio, no Texas, mostra que algo está mudando na terra dos subúrbios, das casas distantes do centro, onde tudo só pode ser feito de carro e o único ponto de encontro é o shopping center.

Ao redor de uma antiga cervejaria do final do século 19, a Pearl Brewery, surge um novo bairro “multifuncional”, a palavra mais usada quando se fala de moradia sustentável, onde muita coisa pode ser feita a pé, e casa, trabalho e entretenimento são razoavelmente vizinhos (como antigamente).

Até o final do ano estarão prontos 300 apartamentos e espaço para 120 escritórios. A antiga sede da cervejaria Pearl vai virar um hotel-butique até 2014 e o antigo estábulo (as cervejas eram transportadas por carroças!) virou centro de convenções.

No novo ‘bairro’, de 110 mil m2, já funcionam alguns restaurantes e lojas (detalhe: o empreendedor só aceitou negócios dirigidos pelos próprios donos, não quis franquias ou cadeias que deixassem o bairro com cara genérica), além das sedes locais da Asociação dos Arquitetos dos EUA e da Architecture Foundation. Uma filial da escola The Culinary Institute of America acaba de ser aberta ali para formar futuros chefs.

Para confirmar que o projeto quer ser diferente da típica cidade texana, cheia de utilitários 4×4 e carrões que emitem meia Arábia Saudita de carbono, o primeiro ponto de compartilhamento de bicicletas de San Antonio foi instalado na entrada do condomínio.

A empreendedora, Silver Ventures, bancou a construção de uma grande praça com anfiteatro para mil pessoas e de um calçadão junto ao rio vizinho para criar um espaço público a ser usado por moradores e visitantes, sem muros ou grades. Uma vez por mês, o festival “Échale” promove shows de música latina ao ar livre, além de eventos gastronômicos (veja o vídeo abaixo).

“Os clientes são majoritariamente baby boomers (a geração nascida principalmente nos anos 50, após a Segunda Guerra) e os nascidos nos anos 90. Tanto os mais velhos, que já não têm mais os filhos na espaçosa casa no subúrbio, quanto os mais jovens, que querem ficar perto do agito e preferem andar de bicicleta, buscam um novo estilo de vida”, me disse Elizabeth Fauerso, uma das diretoras do projeto.

Ou seja, não se trata de filantropia – construtores mais antenados apenas estão percebendo as tendências e as demandas dos novos e nem tão novos públicos, e precisam satisfazê-los. Mas não há nada parecido no Brasil, mesmo em tempos de boom  imobiliário do Oiapoque ao Chuí.

Nossos grandes empreendimentos são completamente desconectados do espaço público. Mesmo quando há exigências legais de se construir uma praça ou um jardim públicos, milagrosamente eles não saem do papel. Mas, como a maioria de nossos empreendedores vem aos EUA para se inspirar, especialmente nos nomes das novas construções, talvez ainda reste uma mínima esperança.

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