Raul Juste LoresNova York – Raul Juste Lores http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br Cidades globais Mon, 18 Nov 2013 13:33:05 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Um vídeo com o ABC do High Line http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/08/29/um-video-com-o-abc-do-high-line/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/08/29/um-video-com-o-abc-do-high-line/#comments Wed, 29 Aug 2012 04:50:27 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=253 Continue lendo →]]> [There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]

 

O vídeo acima mostra uma grande palestra de Robert Hammond e Josh David, os fundadores do High Line, para os funcionários do Google. Vale por mil palestras motivacionais. Além de explicar como eles transformaram um antigo elevado em um parque linear, sobram toques que deixam claro porque seria muito difícil São Paulo ter algo parecido.

Quando Wall Street desmoronou em setembro de 2008, faltava menos de um ano para a inauguração da primeira parte do parque linear suspenso High Line, em Nova York. Eventos para arrecadar fundos foram cancelados, doações secaram e o pânico abateu Robert Hammond e Joshua David, maiores responsáveis pela preservação da ferrovia e em sua transformação em parque. Os dois assumiriam a gestão do parque em poucos meses.

Foi quando o magnata da mídia Barry Diller decidiu doar US$ 10 milhões ao projeto.  Vários outros milionários e algumas fundações aceitaram o desafio de Diller.

Antes, a esposa do empresário, a estilista Diane Von Furstenberg, já tinha doado US$ 5 milhões. Um almoço foi organizado no IAC, o conglomerado de Diller, prédio em forma de vela desenhado por Frank Gehry, com vidros que parecem banhados em leite. “Todo mundo estava louco para vê-lo por dentro, então a venda de convites foi enorme”, lembra Hammond.

A história do High Line é o feliz encontro de uma ong obstinada, um prefeito bilionário, fazedor e que exige resultados de sua equipe e de uma iniciativa privada e uma sociedade acostumadas a não esperar tudo do governo.

Das primeiras brochuras com fotos do High Line para sensibilizar políticos e empresários aos advogados que impediram a demolição, tudo foi feito na base de doações e vaquinhas.

Artistas como Tom Sachs e Christo e Jeanne Claude doaram obras para ser leiloadas; personalidades do cinema e da TV como Edward Norton, Kevin Bacon, Anderson Cooper e Martha Stewart emprestaram fama e poder de convocação a vários eventos atrás de fundos.

A arquitetura e o design foram centrais desde o início. Não poderia ser um parque qualquer. O concurso com alguns dos melhores escritórios de arquitetura do mundo deu resultado.

Em São Paulo, os dois raros casos de revitalização orgânica de áreas degradadas carecem desses ingredientes. Em doze anos de teatros na praça, a Roosevelt ganha um projeto de reforma genérico, como República e Sé antes.

O Baixo Augusta está sendo soterrado por horrendos edifícios residenciais, sem nenhum espaço para estabelecimentos comerciais no térreo, o oxigênio da Augusta. Sem ousadia arquitetônica, participação comunitária ou generosidade da iniciativa privada, é difícil replicar o modelo High Line em São Paulo.

Para ler a matéria que escrevi na Serafina sobre o High Line, clique aqui

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Os privilegiados da Vila Madalena http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/04/12/os-privilegiados-da-vila-madalena/ http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/2012/04/12/os-privilegiados-da-vila-madalena/#comments Thu, 12 Apr 2012 16:03:10 +0000 http://rauljustelores.blogfolha.uol.com.br/?p=13 Continue lendo →]]> Imagine se Pinheiros e Vila Madalena ficassem igualzinhos ao Pacaembu ou ao Jardim Europa –enclaves de casas, onde não se pode construir mais, em áreas centrais ricas em infraestrutura pública?

É o que parecem querer alguns ativistas abnegados desses bairros, que andam lutando contra “a especulação imobiliária” e por uma cidade ‘mais verde’.

Em uma São Paulo de apática mobilização política, a iniciativa desperta simpatia. Mas proibir a verticalização em áreas centrais no momento onde finalmente nossa nova classe C quer e pode comprar seu primeiro apartamento, é uma maldade pouco ecológica. Ou crescemos para cima ou continuaremos crescendo para os lados.

Se todos tiverem direito à sua casa com quintal e jardim, a cidade vai se espalhando –as distâncias aumentam e o uso do carro como transporte se impõe. Se tivermos uma cidade densa (imagine Nova York, a zona sul do Rio, Higienopolis, a avenida Paulista ou mesmo Buenos Aires), as distâncias se encurtam e a densidade facilita a construção de transporte público.

Os protegidos Pacaembu e os Jardim Europa e America ocupam áreas centrais com ótima infraestrutura, mas servem a muito poucos. As torres de apartamentos para a nova classe média vão sendo erguidas em bairros mais longínquos, onde o transporte está longe de ser bom e distantes de boa parte dos empregos disponíveis na metrópole –garantia de congestionamentos futuros.

Quando você dificulta a construção, o m² encarece –é a lei da oferta e da demanda.

Nos últimos 200 anos, cada progresso nos meios de transporte foi sucedido por uma “fuga das elites” das áreas centrais para algum com lugar com mais espaço e sossego, como escreveu o economista Edward Glaeser em seu fundamental “O triunfo da cidade” (The Triumph of the City). Azar delas se querem ficar mais tempo dentro de um carro. Nossos bairros mais servidos por metrô, ônibus, luz e água precisam de mais moradores, não menos.

O mercado imobiliário paulistano justifica o temor dos moradores de Pinheiros e Vila Madalena, que não querem edifícios com arquitetura chinfrim e muros altíssimos, que matam qualquer vida ou luz nas calçadas. Para criarmos uma cidade mais inclusiva, que permita nossa nova classe média morar em regiões mais centrais, precisamos discutir as regras do que se pode ou nao construir e do como construir. Nosso código de obras é obsoleto e a discussão arquitetônica-urbanística deve se impor. Mas congelar não resolve –o que adianta manter uma árvore no quintal, mas forçar milhares de novos carros emitindo mais carbono?

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