Em busca da praça perfeita
12/07/12 08:54
A cada novo espigão inaugurado em Nova York, a cidade ganha de graça uma boa pracinha. Hoje em dia, aliás, sem um bom jardim, assentos ou um espaço aberto ao público, dificilmente um alvará sai (em São Paulo, tudo acaba sendo mais fácil para o empreiteiro. Capitalismos diferentes o novaiorquino e o paulistano).
Ainda não aprendemos a produzir espaço público usando dinheiro privado. Basta uma olhada na construção de dezenas de edifícios de escritórios que acontecem hoje na Chucri Zaidan, perto de Berrini e afins. Além de horrores arquitetônicos, serão prédios isolados, sem atividade nos térreos, pensados para o carro, não para o pedestre. Berrini 2.
Pracinha pode parecer supérfluo, mas o espaço público deve elevar a autoestima cidadã e criar lugares mais seguros. Rua vazia é um achado para criminalidade. Por que será que a praça Roosevelt se tornou tão mais segura ao ser conquistada por mesinhas dos barzinhos dos teatros alternativos da área?
Mas não basta qualquer pracinha. O vídeo acima, além de ser uma viagem no tempo a Nova York dos anos 60, discute o que faz uma praça convidativa. O principal exemplo é o térreo do Seagram Building, obra-prima do modernismo, do arquiteto Mies van der Rohe, um dos gênios da escola alemã Bauhaus que imigrou para os Estados Unidos.
Do tamanho do assento ao espaço para as pernas, da proteção à sombra ao material do piso, da cadência das cadeiras e das distâncias que permitem ou não um bom papo, fazer uma boa praça é uma arte. Ainda estamos em tempo de aprender.
(Obrigado ao amigo Thiago Arruda pelo vídeo. Este post marca a minha mudança para Nova York, onde sou o novo correspondente da Folha. Mas não deixarei de escrever de cidades e urbanismo. Nova York inspira vários debates na área. Para me seguir no twitter, clique aqui )